Corinthians 4 x 1 Flamengo (1984)

Todo dia é dia de Corinthians!!! 

06/05/1984 Corinthians 4 x 1 Flamengo-RJ
Estádio: Morumbi
Público: 115002

 

Carlos, Édson, Mauro, Juninho e Wladimir; Paulinho, Sócrates (Wagner) e Zenon; Biro-Biro, Casagrande e Eduardo (Ataliba). Téc: Jorge Vieira. 

 

Fillol, Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior; Bigu, Élder (João Paulo) e Lico (Nunes); Adílio, Edmar e Bebeto. Téc: Cláudio Garcia. 

Gols: Biro-Biro aos 32 e Wladimir aos 38 do 1º Tempo; Édson aos 7, Ataliba aos 14 e Paulinho (contra) aos 21 do 2º Tempo. 

Campeonato Brasileiro 1984 – 4ª Final Jogo de Volta. O país andava meio triste naquele início de Maio de 84, o movimento das Diretas Já havia reacendido as esperanças de um futuro melhor e promissor, o povo que há tempos vivia escondido voltou novamente às ruas para pedir por Democracia (nenhuma relação com as últimas manifestações de rua) e exigir maior participação na vida política do país, o Corinthians como legitimo time do povo não ficou imune a essa movimentação que tomou conta do país, a quem diga que os ventos liberalizantes começaram lá pelas bandas do Pq São Jorge e depois soprou de norte a sul do país.

Mas o mês de abril tratou de desviar os ventos democratizantes que sopravam no país, no dia 25 de abril o Congresso Nacional rejeitou a Emenda Dante de Oliveira que previa eleições diretas já para o ano de 1984, e o povo que tanto esperou para ter o destino novamente em suas mãos iria aguardar mais um pouco. Mas a vida não parou após a frustração da votação da Emenda, no domingo seguinte o Corinthians tinha compromisso importantíssimo contra o Flamengo no Maracanã em jogo válido pelas 4ª de Final do Brasileiro, o time entra desfalcado de dois dos seus principais jogadores; Sócrates e Zenon não jogam no Rio de Janeiro devido a contusão de ambos, sem os dois o Corinthians foi presa fácil no Maracanã e perde o jogo por 2 x 0. O mês que já estava difícil, agora ficaria muito mais para o corintiano, Sócrates estava praticamente vendido para o futebol italiano e o corintiano angustiava-se da perda do seu maior ídolo recente, como também do líder nato da chamada “Democracia Corintiana”, todos se perguntavam e agora o que seria da nossa democracia? Restava então sonhar com a reviravolta para continuar sonhando com o inédito título de campeão brasileiro, dessa forma a perda seria menos dolorida.
No domingo dia 06 de Maio, uma multidão se dirige para o Morumbi, o público pagante anunciado foi de 115 mil pessoas, considerando os nãos pagantes, havia no mínimo 125 mil pessoas no estádio naquela tarde de domingo. Em campo astros da geração que encantou o mundo com seu futebol, Júnior e Leandro de uma lado, Sócrates do outro, a missão corintiana não era nada fácil, o Flamengo na década de 80 era o melhor time do Brasil, quiçá do mundo e contava com a vantagem construída no primeiro jogo, apenas uma exibição perfeita do Corinthians seria capaz de reverte a situação. Se Nelson Rodrigues estivesse vivo naquele maio de 84, com certeza teria evocado o “sobrenatural de almeida” para explicar o que aconteceu naquela partida de futebol, o jogo começa tenso, mais aos poucos o time do Corinthians se acerta em campo e o improvável aconteça, Fillol considerado a época um dos melhores goleiros do mundo leva um frango histórico por meio das pernas em chuto mascado do Biro-Biro que aproveitou falha do ótimo zagueiro Figueiredo, o placar estava aberto e o segundo gol não demorou a sair, dessa vez Wladimir recebe livre no meio da área e fuzila para o gol.
Corinthians 4 x 1 Flamnengo I
Fim do primeiro tempo e o Corinthians já havia conseguido a vantagem necessária para classificação, mas o time queria mais e naquele domingo estava com gana de jogar bola, e o segundo tempo recomeça do jeito que terminou o primeiro, logo aos sete minutos Édson recebe passa magistral do meia Zenon e emenda para o gol, Corinthians 3 x 0; o time não se acomoda e sete minutos depois chega ao quarto gol com Ataliba, aquela altura o Flamengo precisaria de três gols, uma festa toma conta das arquibancadas do Morumbi, em meio ao delírio pelo resultado a torcida corintiana explode num grito que ecoa pelo Morumbi a fora, “CORINTHIANS JÁ! DIRETAS JÁ! CORINTHIANS JÁ! DIRETAS JÁ! Futebol e política se misturam (quero ver alguém dizer que futebol e política não se misturam) e o povo não querendo deixar morrer o vento da liberdade que havia soprado no país, tratou de lembrar que a derrota no congresso era apenas um recomeço e que ventos melhores voltariam a soprar ao sul do equador. E nada melhor do que uma pitada de bom humor, ao final do jogo num lampejo genial o operador do placar eletrônico do Morumbi, anunciou os horários da Ponte Área para o Rio de Janeiro, desejando a todos uma ótima viagem de volta.

1 Comments

Deixe um comentário