Reiniciar o sistema

Pegos de surpresa, mas nem tanto, tivemos de nos sentar diante da televisão para acompanhar a última rodada da fase de grupos da Libertadores sem a presença de Fabio Carille no banco de reservas.

Um daqueles nomes que até fica associado à memória de uma fase específica da vida pessoal, o comandante saiu de forma indigesta, é verdade. Mas fica pra outro dia debater tais atitudes no futebol onde até o torcedor já se rendeu à primazia do dinheiro.

O importante é continuar naquilo que chamamos de “construção permanente”, algo que no Corinthians deixa frutos há exatos 10 anos. Que fique o DNA, como já garantiu Osmar Loss.

E, apesar do resultado amarguíssimo, podemos dizer que o time manteve seu padrão e mereceu, até largamente, a vitória nesta noite itaquerense.

Leve em campo, o alvinegro buscou jogar e criar o tempo todo, encontrou espaços, criou chances. Mas o jovem Fariñez é um goleiraço, como já vem mostrando em sua breve carreira. Entre outras coisas, um vice-campeonato mundial sub-20 pela Venezuela e a titularidade da seleção aos 17 anos, quando teve a oportunidade de parar Messi em pleno Monumental de Nuñez nas Eliminatórias, na única vez em que seu país não foi derrotado fora de casa pela seleção argentina.

Enfim, não é todo dia que haverá uma atuação tão inspirada na baliza oposta.

Posto isso, é hora de reforçar aquilo que já temos dito nessas crônicas: é praticamente impossível o Corinthians buscar alguma das taças que disputa enquanto não tiver um fazedor de gols autêntico, desses que enfia uma bola na rede nem que seja na marra.

Roger é um genérico que deve ajudar. Mas é daqueles que com 23 anos já não encantava, que dizer com 33. Coisas de um futebol primário-exportador e sua triste sina de nunca contar com o que há de melhor. Que saudades, Jô.

Ainda assim, há uma herança a preservar. A linha de frente teve boa atuação. O Millonarios se trancou numa proposta clássica de duas linhas de 4 e escapadas pontuais.

O gol de Carrillo foi como o de Wescley no empate com o Ceará: tremendo golaço, indiscutível. Nem tudo está sob controle dentro de campo, por maior que seja esse fetiche no futebol contemporâneo.

Dizer que o espaço encontrado pelo meia colombiano é prova de que o time de Loss joga mais espaçado que o de Carille é bobagem imediatista. O time jogou do mesmíssimo modo de sempre. Simples assim.

Empilhou chances e não efetivou, e ainda teve gol mal anulado no final.

Uma pena não melhorar um pouco nosso índice de classificação, mas ao menos o primeiro lugar da chave foi conquistado.

Não adianta nos iludirmos. Nossa esperança continua a ser a engrenagem coletiva. E o espírito quarta força de 2017 precisa se manter vivo, a despeito dos mimimis midiáticos e mesmo clubistas.

Que Osmar Loss seja capaz de manter essa obra de dez anos em pé. E que logo adiante Fabinho esteja apto a ser o próximo timoneiro. É a única coisa a ser feita.

4 Comments

Deixe um comentário